13.7.10

A Taça Jules Rimet e os brasileiros


Trophie Jules Rimet

Foi o nome que recebeu o Troféu disputado na Copa do Mundo da FIFA até 1970. Nessa edição da Copa, o Brasil a ganhou em definitivo por ter conquistado o campeonato pela terceira vez.

Descrição
Sua imagem representa uma alegoria da Vitória com asas estilizadas. A figura tinha os braços levantados, e segurava uma copa de formato octogonal. Tinha uma base em Lápis-lazúli, conhecido também como lápis, é uma rocha metamórfica de cor azul utilizada como gema ou como rocha ornamental desde antes de 7000 a.C., sobre a qual foram assentados os nomes dos vencedores em pequenas placas de ouro. Media 30 centímetros de altura e possuía 3,8 quilogramas em ouro puro, sendo seu peso total de 4 quilogramas. Seu custo total foi orçado em cinquenta mil francos, considerado uma grande soma na época.


Histórico
O oferecimento de um troféu foi proposto no Congresso da FIFA, ocorrido em 28 de maio de 1928, pelo seu Comitê Executivo, como recompensa pela conquista da primeira Copa do Mundo de Futebol.

O então presidente da Federação, Jules Rimet, ordenou que um troféu fosse feito, em ouro. Para a confecção da taça Coupe du Monde foi contratado o artesão francês Abel Lafleur, ficando pronta em abril de 1929. Um novo Congresso da entidade, realizado em Luxemburgo, a 1 de julho de 1946, decidiu que o nome da taça homenagearia seu idealizador, passando desde então a chamar-se Troféu Jules Rimet e para nós brasileiros Taça Jules Rimet

Ainda por sugestão de seu idealizador, sua posse definitiva ficaria com o país que conseguisse vencer um total de três edições da Copa - algo que reputou extremamente difícil, imaginando que nenhum país fosse capaz de atingir esta marca, senão após muito tempo.

Durante a Segunda Guerra Mundial as Copas deixaram de ser realizadas. O troféu foi então escondido na própria casa de um desportista italiano, de nome Otorino Barassi.
O roubo da taça na Inglaterra em 1966
A Inglaterra iria sediar o Mundial de Futebol de 1966. A Taça Jules Rimet foi então colocada em exposição no Center Hall de Westminster, em Londres, junto a uma exposição filatélica. Apesar da intensa vigilância, o troféu desapareceu, em 20 de março de 1966.O caso imediatamente ganhou o noticiário internacional. No Brasil a imprensa chegara a afirmar que tal coisa nunca ocorreria neste país, posto que até os ladrões eram fãs do esporte.

A Scotland Yard seguia às cegas, sem pistas do paradeiro do troféu, ou ainda de seu ladrão. Foi preso o autor do roubo, mas este nunca revelou onde estava a taça, nem confessou a ação.
PICKLES - o cão herói
Em 27 de março, um senhor de nome David Corbette passeava com seu cão Pickles numa praça do Sul da capital inglesa quando este, farejando um arbusto, localizou o valioso troféu, enrolado por jornais.

Como prêmio por sua heroica descoberta, Pickles ganhou, além da fama, o fornecimento de alimento pelo resto da vida, por parte de uma fábrica de comida canina.

Este sucesso, porém, não refletiu bem para a polícia britânica: dizia-se que Pickles deveria ser nomeado investigador da instituição.

No final do campeonato, com o duvidoso resultado final da Inglaterra, os argentinos disseram que este não havia sido maior roubo: e sim o de sua vitória.

Vencedores
Tiveram a chance de erguer a taça os campeões mundiais de futebol:

• Uruguai - Copa do Mundo de 1930 e 1950;

• Itália - Copa do Mundo de 1934 e 1938;

• Alemanha - Copa do Mundo de 1954;

• Inglaterra - Copa do Mundo de 1966;

• Brasil - Copa do Mundo de 1958, 1962 e 1970.

A tríplice conquista conferiu ao Brasil o privilégio de ter a posse definitiva do troféu. Isso forçou a FIFA a elaborar uma nova Copa, desta feita sem entrega definitiva a nenhum dos vencedores, e chamada Copa Mundial da FIFA.

Roubo e destruição no Brasil
O troféu passou a ser exibido na sede da Confederação Brasileira de Futebol - CBF. A incúria e desvelo para com o troféu fez com que uma réplica fosse trancada num cofre, enquanto a taça original ficasse exposta, sem muita segurança.

Em 20 de dezembro de 1983 o troféu foi roubado, e alguns dias depois a imprensa noticiava, com assombro, que o mais importante símbolo das conquistas futebolísticas do Brasil havia sido derretido, para a venda de seu ouro.

O crime restou desvendado, por uma série de acasos. Na Federação, entretanto, não se tem notícia de nenhuma punição pela incúria no trato do patrimônio comum do povo brasileiro, e com tamanha importância na história do futebol mundial.
Hoje a taça roubada no Brasil que pesava 3,8kg de ouro, seria avaliada em R$ 784.000.

Réplica definitiva
A despeito do descuido patrimonial, e da falta de responsabilização (apuração e punição pelo descaso), a FIFA ofereceu à CBF uma réplica, que ora encontra-se junto aos demais troféus da entidade. Esta foi feita por Eastman Kodak, com uso de 1,875 quilogramas de ouro, e foi concluída em 1986.

O Complexo de vira-lata
É uma expressão que foi criada pelo dramaturgo e escritor brasileiro Nelson Rodrigues, a qual originalmente se referia ao trauma sofrido pelos brasileiros em 1950, quando a Seleção Brasileira foi derrotada pela Seleção Uruguaia de Futebol na final da Copa do Mundo em pleno Maracanã. O Brasil só teria se recuperado do choque em 1958, quando ganhou a Copa do Mundo pela primeira vez. Para  Nelson Rodrigues, o fenômeno não se limitava somente ao campo futebolístico. Segundo ele, “ por 'complexo de vira-lata' entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo”. Ainda segundo ele, “ o brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a auto-estima”.
A expressão complexo de vira-lata (traduzida para "the mongrel complex") foi recuperada em 2004 pelo jornalista norte americano Larry Rohter, que em matéria para o The New York Times sobre o programa nuclear brasileiro, escreveu: “ Escrevendo nos anos 1950, o dramaturgo Nelson Rodrigues viu seus compatriotas afligidos por um senso de inferioridade, e cunhou a frase que os brasileiros hoje usam para descrevê-lo: "o complexo de vira-lata". O Brasil sempre aspirou a ser levado a sério como uma potência mundial pelos pesos-pesados, e portanto dói nos brasileiros que líderes mundiais possam confundir seu país com a Bolivia, como Ronald Reagan fez uma vez, ou que desconsiderem uma nação tão grande - que tem 90 milhões de pessoas - como "não sendo um país sério", como Charles de Gaulle disse.

OpiniãoPenso e acredito sériamente que para a Copa de 2014 a CBF, tem por obrigação para com o povo brasileiro, confeccionar um Troféu Jules Rimet com todas as caracteristicas originais mantidas para que as novas gerações não cresçam com uma "réplica definitiva".